julho 15, 2006

Túnel do Tempo

Tenho uma facilidade de recordar meus tempos de criança pequena, (aqui em S.Paulo mesmo, não em Barbacena) com grande a riqueza de detalhes, às vezes acho que estou fantasiando um pouco, mas para ter certeza, acabo consultando a mente da minha mãezinha. Ela fica surpresa de como posso recordar daquilo... (lembrar da cor das paredes, da roupa, o nome dos vizinhos, etc.).
Recentemente (talvez um mês) cheguei do trabalho vi sobre minha cama um lençol branco, com barrado cor-de-rosa e com um lindo bordado português. Meu Deus como o tempo passa.
Este lençol foi do enxoval dos meus pais, que emoção.
Num segundo, voltei para 1975 (é verdade).
Vi-me exatamente naquela casa simples, lá estava a cama (dos meus pais) que servia de brinquedo para mim e minha irmãs.
Na década de 70 os armários (guarda-roupa) não tinham o tal maleiro, que coisa boa era isso.
Sabe o que aprontavamos? Subíamos no armário e pulávamos na cama, uma vez, duas, três...
Num belo dia a cama não suportou e quebrou.
Mais que depressa eu e as maninhas tratamos de colocar nossas habilidades em prática, pegamos todas as latas de óleo (naquele tempo o óleo vinha na latinha) e pronto, lá estava à cama arrumadinha, perfeita, Ufa!!!
Quando minha mãe chegou, depois de um dia inteiro de trabalho, lá foi ela, “Mulher Maravilha” preparar o jantar, verificar os cadernos das minhas irmãs (eu só tinha cinco anos, não estava na escola), colocar as quatro pestinhas no banho e tudo mais que só sendo mãe se é capaz de fazer. Ela a última sempre a ir para o banho. Não faço idéia de que horas eram e lá se foi minha mãe, direto para cama. Quando de repente a cama, ou melhor, o que restava dela, saiu rolando sobre as latas de óleo.
O silêncio tomou conta da casinha modesta da Travessa do Monte, nº. 07 – Lauzane Paulista.
Minha mãe não disse uma só palavra, lá permaneceu deitada, o cansaço era tanto que não restava mais forças nem para uma pergunta.
Eu, um pedacinho de gente, pirralha, caçula, fui eleita pela maioria, a ser porta-voz, adentrei no quarto e com a cara mais lavada disse:
- Mãe! A cama caiu sozinha...
Ah! Contei tudo isso só para dizer que o lençol era o mesmo, resistiu ao tempo (42 anos ou 43 anos) e continua lindo.

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O Que Sou:

Um misto de:
Fracasso e conquista,
Coragem e medo,
Brutalidade e fragilidade,
Vida e morte, mulher e bicho,
Sonhos e pesadelos.
Sou um fio de esperança.

"Um misto de fracasso e de conquista.
Um medo transmutado de coragem.
Tão frágil como a rosa que se avista.
Brutal no cinzentismo da paisagem.
Assim mulher e bicho me retrato.
Mesclando o pesadelo com o sonho.
E vivo de incertezas... e me mato.
Num fio de esperança que reponho."
(Jorge)

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