Hoje .....ops, pelo horário, foi ontem. "Ganhei" este poema da amiga Cris. Li, reli, tornei a ler. Pensei mil coisas para escrever:
- sobre o tema, sobre a Cris, sobre Vladimir Maiakovski (que não conhecia e que a Cris me ensinou um pouco dele). Mas preferi "Injetar sangue no meu coração".
Injeta sangue
no meu coração,
enche-me até o bordo das veias!
Mete-me no crânio pensamentos!
Não vivi até o fim o meu bocado terrestre,
sobre a terra
não vivi o meu bocado de amor.
Eu era gigante de porte,
mas para que este tamanho?
Para tal trabalho basta uma polegada.
Com um toco de pena,eu rabiscava papel,
num canto do quarto, encolhido,
como um par de óculos dobrado dentro do estojo.
Mas tudo que quiserdes eu farei de graça:
esfregar,
lavar,
escovar,
flanar,
montar guarda.
Posso, se vos agradar,
servir-vos de porteiro.
Há, entre vós, bastante porteiros?
Eu era um tipo alegre,
mas que fazer da alegria,
quando a dor é um rio sem vau?
Em nossos dias,
se os dentes vos mostrarem
não é senão para vos morder
ou dilacerar.
O que quer que aconteça,
nas aflições,
pesar...
Chamai-me!
Um sujeito engraçado pode ser útil.
Eu vos proporei charadas, hipérboles
e alegorias,
malabares dar-vos-ei
em versos.
Eu amei...
mas é melhor não mexer nisso.
Te sentes mal?
Tanto pior...
Gosta-se, afinal, da própria dor.
Vejamos... Amo também os bichos -
vós os criais,
em vossos parques?
Pois, tomai-me para guarda dos bichos.
Gosto deles.
Basta-me ver um desses cães vadios,
como aquele de junto à padaria,
um verdadeiro vira-lata!
e no entanto,
por ele, arrancaria meu próprio fígado:
Toma, querido, sem cerimônia, come!
(Vladimir Maiakovski)
Injeta sangue
no meu coração,
enche-me até o bordo das veias!
Mete-me no crânio pensamentos!
Não vivi até o fim o meu bocado terrestre,
sobre a terra
não vivi o meu bocado de amor.
Eu era gigante de porte,
mas para que este tamanho?
Para tal trabalho basta uma polegada.
Com um toco de pena,eu rabiscava papel,
num canto do quarto, encolhido,
como um par de óculos dobrado dentro do estojo.
Mas tudo que quiserdes eu farei de graça:
esfregar,
lavar,
escovar,
flanar,
montar guarda.
Posso, se vos agradar,
servir-vos de porteiro.
Há, entre vós, bastante porteiros?
Eu era um tipo alegre,
mas que fazer da alegria,
quando a dor é um rio sem vau?
Em nossos dias,
se os dentes vos mostrarem
não é senão para vos morder
ou dilacerar.
O que quer que aconteça,
nas aflições,
pesar...
Chamai-me!
Um sujeito engraçado pode ser útil.
Eu vos proporei charadas, hipérboles
e alegorias,
malabares dar-vos-ei
em versos.
Eu amei...
mas é melhor não mexer nisso.
Te sentes mal?
Tanto pior...
Gosta-se, afinal, da própria dor.
Vejamos... Amo também os bichos -
vós os criais,
em vossos parques?
Pois, tomai-me para guarda dos bichos.
Gosto deles.
Basta-me ver um desses cães vadios,
como aquele de junto à padaria,
um verdadeiro vira-lata!
e no entanto,
por ele, arrancaria meu próprio fígado:
Toma, querido, sem cerimônia, come!
(Vladimir Maiakovski)
5 comentários:
Parabéns pelo Blog. Daqui de Portugal,envio-te os Parabéns. Prometo voltar.
Ficou lindo amiga. Obrigada.
E ainda tem gente que pergunta se pode sonhar...
Bjs.
É minha misteriosa amiga...
A Cris tem sempre uma surpresa.
Algo de bom a oferecer.
Acho que perdi em não conhecer vocês duas antes, mas, claro, antes tarde do que nunca.
Ambas estão mais uma vez de parabéns. Cris pelo presente, e você pelo "shape" que deu a ele.
Tenho ainda muito o que aprender com vocês duas.
Beijo! E beijo!
É um lindo poema, eu conheço apenas o nome e uma coisinha ou outra que li pelaí...
Lindo poema, a Cris sempre surpreendendo.
Beijos!!
afinal ainda há poetas!
que belo este poema de maiakovsky.
parabéns pela escolha.
um beijo
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