agosto 15, 2008

Inutilidade

Algo pede: - Grita!
Já não resta força, já não resta um motivo para ao menos balbuciar. Quero um silêncio profundo, quero meu pensamento vazio, quero coração parado, quero um estado de letargia, quero dormir profundo, sem sonhos, sem pesadelos, não quero mais insônia, não quero mais nada, quero apenas a certeza de que um dia tudo será diferente, quero acreditar que dor acaba, quero acreditar que ainda sou gente.

Lendo Confissões Ácidas conheci o texto abaixo.

Quando fazemos tudo para que nos amem...
e não conseguimos, resta-nos um último recurso,
não fazer mais nada.
Por isto digo, quando não obtivermos o amor,
o afeto ou a ternura que havíamos solicitado...
melhor será desistirmos e procurar mais adiante
os sentimentos que nos negaram.
Não façamos esforços inúteis, pois o amor
nasce ou não espontaneamente,
mas nunca por força da imposição.
Às vezes é inútil esforçar-se demais...
nada se consegue; outras vezes, nada damos
e o amor se rende a nossos pés.
Sentimentos são sempre uma surpresa.
Nunca foram uma caridade mendigada,
uma compaixão ou um favor concedido.
Quase sempre amamos a quem nos ama mal,
e desprezamos a quem melhor nos quer.
Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir
um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...
o de nada mais fazer.


(Clarice Lispector)

3 comentários:

blog do dudu santos disse...

Novamente com meu PC quebrado, só hoje consegui consertar.....linda a foto´lindo o texto de Clarice...mas você? tem que sair desta encrenca na tua alma....bjos do artista

Jorge disse...

faço minhas as palavras do Dudu. ostei de tudo. beijo grande e "vamos a tocar a bola pró mato que o jogo é de campeonato". Siga em frente, amiga.

o poema que prometi não está esquecido. só inacabado!

beijo grande. jorge

Anônimo disse...

Dudu e Jorge,

Prometo que vou atender (risos).
Bjos

O Que Sou:

Um misto de:
Fracasso e conquista,
Coragem e medo,
Brutalidade e fragilidade,
Vida e morte, mulher e bicho,
Sonhos e pesadelos.
Sou um fio de esperança.

"Um misto de fracasso e de conquista.
Um medo transmutado de coragem.
Tão frágil como a rosa que se avista.
Brutal no cinzentismo da paisagem.
Assim mulher e bicho me retrato.
Mesclando o pesadelo com o sonho.
E vivo de incertezas... e me mato.
Num fio de esperança que reponho."
(Jorge)

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