novembro 11, 2009

O pouco sim, o resto jamais

"Eu não vou permitir que a vida me sepulte mais que a própria morte"
"O momento que você mais sofreu em sua vida, foi o momento que você mais amou"

(Pe. Fabio de Melo)


Amor de fato nos inebria, mas amor não cega; aos poucos nos damos conta que amor não é via de mão única. Amor precisa ser correspondido, precisa ser estrada de mão dupla. Amor é também mistério e que nem sempre sabemos desvendá-lo.
Há ensinamentos que jamais esquecemos. Lembro que desde muito pequena, minha mãe sempre dizia: Divida sempre o que você puder, porém, jamais dê aos outros suas sobras. Pois não há ofensa maior que dizer ao outros: "Quer isso, ou aquilo? Pega! vai. Eu não quero mais".
Sempre me recordo das palavras dela, palavras que ela ainda faz questão de repetir aos netos, e talvez seja um dos ensinamentos que faço questão de repassar para minha filha.
É claro que demorei anos para entender o significado do que me mãe tanto falava para nós, porém, um dia entendi o que ela fazia tanta questão de repetir: O RESTO NÃO.
Quantas vezes já tive o prazer de dividir ao menos uma bala que fosse. Outras ainda, dava ou recebia o último pedaço do pão (há coisa mais gostosa que último pedaço de pão? ou o último gole de café?), mas o prazer de dividir o pouco tem significado que palavras não são suficientes para descrever.
Na vida, eu sempre soube aceitar “o pouco”, mas o pouco com “valor grandioso”.
O que nunca soube e nem desejo aceitar é “o resto”, o resto deixado pelos outros, o resto daquilo que ninguém mais quer, ou ainda, o resto que seria jogado fora de qualquer maneira.
Eu adoro a conquista, mas não sei fazer o jogo da disputa em relação a uma pessoa. Disputa me remete a ideia de premiação, ou seja, quem for melhor leva o primeiro prêmio.
As lembranças de fatos vividos, de livros lidos, de filmes assisdos, enfim, lembrança da vida, sempre me faz recordar coisas boas, outras nem tanto.
Como ando pensando constantemente de como e quando será o fim dessde post, fico buscando no baú das minhas emoções algo que me ajude de fato a compor o que quero dizer aqui, segue algo que li não sei quando e que relembrei hoje:

“Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.”
(Clarice Lispector)

Talvez não exista um fim aos meus questionamentos, há dias que penso saber a resposta, já no outro percebo que não sei nada ao certo, afinal, nem mesmo sei como surgiram meus questionamentos, quanto mais se há respostas. A vida; formada de grandes ciclos, fases, tantas vezes penso que já finalizei um ciclo, que já mudei de fase; quando menos me dou conta percebo que não movi um passo e que meus sentimentos e ações continuam no mesmo lugar.

Hoje percebo que voltei ao ponto exato da partida ...

7 comentários:

Sonia Schmorantz disse...

Pois continue a escrevê-lo está muito bom, muito bom mesmo, acredite!
beijos

Sil disse...

É...

Eu entendo bem o que é isto...

Há um tempo já que estou me recusando a receber os restos..
Restos de amizade... restos do amor...

Isto nos faz muito mal..

Sua mãe te deu um grande ensinamento.. como eu sigo, sempre dou o que tenho de melhor...

O único problema é que, até agora, a maioria das pessoas a quem dou alguma coisa não corresponde, sinal de desmerecimento... acabo fazendo com que dou o melhor aos outros e fico com o resto de mim mesma....

E isto é ruim...
Precisamos mudar!!!

Adorei o post..
Bjos...

=\

:.tossan® disse...

O importante é que a nossa emoção sobreviva para compartilharmos o melhor sem competir. Beíssimo! Beijo

Cris Medeiros disse...

Muito legal isso! Aceitar o pouco, mas nunca o resto! Tem frases que dizem tudo!

Beijocas

Uma aprendiz disse...

Fui educada assim também.
Minha mãe deu o exemplo.
Agora o passo aos meus filhos.

Seu texto está ótimo.
Essa foto é comovente.

beijos

' Joseαne Costα* disse...

' Ain como é bom vir aqui, seu blog me transmite ma paz tão grande...
Post perfeiito^^
Ah, obg pelo elogio ao meu blog, o seu é que é que lindxo^^
bjoo's

Jô*

Anônimo disse...

Doar-se por inteiro só seria possível se vivêssemos numa ilha deserta onde estaríamos imunes de todos os imperativos que ultrapassam os limites do mundo cor de rosa que idealizamos em nossa cabeça. Como somos seres multifuncionais, nunca teremos a exclusividade de quem quer que seja. Sempre haverá uma ou outra circunstancia que venha a quebrar os encantos que não conseguem sobreviver todas as horas do dia e da noite. Traço da realidade sempre estará mesclado com nossos maiores desejos.
Pode ser que o que te parece resto, é na verdade um pouco daquilo que há de melhor em que está te oferecendo.

Se falei bobagem, desculpe-me! Prometo retratar na segunda parte do seu texto.

Gostei da idéia.

O Que Sou:

Um misto de:
Fracasso e conquista,
Coragem e medo,
Brutalidade e fragilidade,
Vida e morte, mulher e bicho,
Sonhos e pesadelos.
Sou um fio de esperança.

"Um misto de fracasso e de conquista.
Um medo transmutado de coragem.
Tão frágil como a rosa que se avista.
Brutal no cinzentismo da paisagem.
Assim mulher e bicho me retrato.
Mesclando o pesadelo com o sonho.
E vivo de incertezas... e me mato.
Num fio de esperança que reponho."
(Jorge)

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