novembro 23, 2008

Sou o que Sou... Não o Que Julgam o Que Sou..

(Edvard Munch, Vampiro 1893-1894.)

Você vê esse meu jeito
De pessoa liberada
Mas não sabe que por dentro
Não é isso, não sou nada...
Tenho ares de serpente
Mas em casos de amor
Sou pequena, sou carente
Sou mais frágil que uma flôr...
(Chico Roque/Carlos Colla)

Faz tempo que observo que somos julgados muito mais pelo que falamos do que pelo que efetivamente fazemos. Ou seja, se falamos, logo, julgam que fazemos.
Confuso! Mas vou tentar explicar, o que talvez não tenha explicação.
Eu leio aqui... leio ali, vejo alguns blog's fantásticos, outros nem tanto, mas como se fosse uma TV gigante, esse mundo da blogosfera uso o meu controle remoto "virtual" e vou mudando de canal.
Porque não me cabe julgar as pessoas pelo que escrevem, sei que há tantas "estórias e histórias", comento quando algo me chama atenção (comento muito menos do que gostaria de comentar, leio muito menos do que gostaria de ler, mas o tempo é pouco), enfim.
Sei que quando nos arriscamos a escrever um blog, estamos sob julgo alheio e nem sempre a sentença/pena é a que esperamos.
Há até pena de morte, isso mesmo, palavras que ferem como lâmina afiada, que cortam no mais íntimo dos sentimentos, golpes tão certeiros que atingem com tamanha força que por muito tempo a sensação é de morte, como se nunca mais conseguisse recuperar o curso da vida.
Que hábito estranho é esse de julgar através de "monólogos" (onde o julgador questiona e responde), já o réu não tem o direito de manifestação, só arca com a sentença.
Falar o que pensa é correr riscos.
1) Quantas vezes senti um certo ar de reprovação pelo modo que falo de amor/sexo aqui.
O que nunca disse é que fui muito bem amada (na primeira vez que fui amada), então vejo o sexo como algo lindo, limpo, puro.
Para muitos o julgamento logo vem: "Como deve ser libertina essa Beija-Flor!".
O medo que já senti de passar da barreira do sensual ao vulgar, porque falar de amor/sexo é andar no limite dessa barreira.
Falar do prazer do amor, tão diferente de sexo, porque só o sexo pelo sexo não vale nada para mim (mas respeito absurdamente quem encontra só no sexo o prazer que procura), cada um com seu grau de loucura, o meu é esse.
Meu grau de loucura precisa de amor, sem o amor não há sexo, não é pieguice (pouco importa o julgamento de quem venha ler isso), sem amor não há beijo nem na mão (eu já falei isso uma vez, não aqui), não é uma questão de criação, religião, mas eu acho que quando DEUS nos concede um corpo material para abrigar nosso espírito é como nos empregasse um templo sagrado para habitarmos, então há um cuidado especial de saber quem é merecedor de compartilhar o meu templo sagrado.
Há uma grande diferença entre "Quantidade" e "Qualidade", fiz a minha opção pela "Qualidade dos homens que amei" (em pouca quantidade), homens que me encantaram, que me respeitaram, que ao "seu modo" me amaram.
Alguém vai dizer: "Nenhum deu certo?" - Tudo deu certo sim, no seu devido tempo de duração.
2) Falar de dor é mais complicado ainda.
O julgamento é algo assim: "Nossa que coitada! Essa é infeliz."
A coragem de falar das minhas dores, não é para angariar a piedade de quem quer que seja. O fato é que falar delas; algo vai aliviando aqui dentro, uma forma de reconhecer os erros cometidos, uma forma de saber o que valeu (ou não valeu) a pena.
Minha vida não é só feita de dores, muito ao contrário, tenho tantas felicidades, tantas conquistas, tanta superação.
Mas, a dor de amor é mais delicada e mais difícil de ser curada, porque não nasci com um botãozinho de "on/off" que muda a frequência num piscar de olhos.
Sendo assim: Sou o que sou... não o que julgam o que sou. Sou cheia de defeitos, com uns quilos a mais do que gostaria de ter, com minhas estrias e celulite, com os seios já fora do lugar de origem. Mas com uma vontade de aprender sempre e com a certeza de que a vida vale a pena.

11 comentários:

aminhapele disse...

Albert Camus,introduz o seu magnífico "Mito de Sísifo",com umas palavras que reproduzo de memória:"Saber se a vida merece,ou não,ser vivida,é responder a uma questão fundamental da filosofia".
A minha amiga já respondeu a essa questão.
A sua vida merece ser vivida.
Que importam as opiniões de alguns abencerragens??!!
Um abraço.

Cris Medeiros disse...

Escrever é algo complicado, mais que falar, quando escrevermos não tem a entonação da nossa voz e podemos ser compreendido de acordo com o estado de espírito do leitor!

Eu tenho tentado usar o sublinhado para atenuar um tanto isso, mas as confusões continuam, acho que acostumei.. rs

Beijocas

Menina do mar disse...

Ah Grande MULHER!!!!
Assim é que se fala!
Beijos no coração!

maria ferraz disse...

Parabéns pelo espaço maravilhoso.
Abraços,
Maria Ferraz

RENATA CORDEIRO disse...

Minha amiga, nas coisas do amor também sou qual uma flor.
Queridinha:
Publiquei no Blog Galeria sobre 3 versões cinematográficas de Romeu e Julieta: 36, 68, 96. Depois dê uma passadinha no meu outro Blog onde publico sonetos de Shakespeare e outras obras do bardo, que vc já sabe, né miga?
Um beijo
Renata

Anônimo disse...

São dois lados de uma moeda. No caso do blog é o seu o de quem lê.
Então podemos aplicar a lei da ação e reação. Você escreve o que quer, quem lê e não gostar pode comentar. E você publica o comentário se quiser, afinal o blog é seu. Quanto ao leitor, terá sempre a opção de mudar de canal.
Eu estou sintonizado no seu por que gosto da programação.
Boa Semana!
Luiz

Olhos de Luz... disse...

Flor...
"As circunstâncias entre as quais você vive determinam sua reputação. A verdade em que você acredita determina seu caráter. A reputação é o que acham que você é. O caráter é o que você realmente é... A reputação é o que você tem quando chega a uma comunidade nova. O caráter é o que você tem quando vai embora... A reputação é feita em um momento. O caráter é construído em uma vida inteira... A reputação torna você rico ou pobre. O caráter torna você feliz ou infeliz... A reputação é o que os homens dizem de você junto à sua sepultura. O caráter é o que os anjos dizem de você diante de Deus".(Arnaldo Jabor)...
Eu sei o seu caráter...UM DOS MAIS BRILHANTES que pude ter a honra de conhecer em toda minha vida.
Beijos, amada!!!!!!

Cadinho RoCo disse...

Não se prenda ao que compromete a sua liberdade. Por se sentir incomodada com o julgamento alheio não entre pela mesma trilha. Do contrário agirá exatamente pelo que incomoda a sua paz. Julgará o que julgam.
Cadinho RoCo

Osc@r Luiz disse...

Como eu disse lá no blog da Maria, você entrou pra minha história.
Isso é irreversível!
Longe ou perto, o carinho é o mesmo... Nisso nada mudou e nunca vai mudar.
Mas te garanto uma coisa: estou muito mais relapso do que o mais relapso dos seus conhecidos.
Então, você tem a chave da porta. Use quando quiser. Você ganhou o direito de abrir e vasculhar a geladeira, de fazer xixi com a porta do banheiro aberta (rsrsr), de escolher a melhor cadeira para se esparramar...
E não é de hoje!
Beijo! Beijo! Beijo!

Johnny Garden disse...

Oi, Esfinge,

Mais um daqueles teus textos profundos, são os que mais gosto.
Realmente estamos sempre - mesmo que digam que não - julgando e sendo julgados, em nossos blogs, no trabalho ou em simples visitas ao supermercado. Depois que atingimos o nível "danem-se" de maturidade tudo fica mais fácil.
Antigamente, há séculos atrás (uns 4 ou 5 anos) eu também me sentia no "direito" de julgar as pessoas por me sentir julgado por elas. Com os problemas descobri o quão inútil e vazio é enxergar defeitos nos outros e como é bom ver as qualidades. Fazendo isso, me senti mais a vontade para ser eu mesmo, mais livre.
Eu não te conheço pessoalmente posso te dizer que te "julgo" pelo que você faz (e já fez por mim). E imagino que, se necessário, fará.
Quanto ao que diz sobre amor/sexo, nunca achei vulgar nem piegas. É que pouca gente tem coragem de expressar esse lado. Eu não saberia como. Admiro o jeito que faz. E, meu Deus, a essas alturas do campeonato, acreditar que mulher é Photoshop é demais. O que seria de nossas barrigas de cerveja não fosse as estrias e celulites? Somos humanos, né?

Um abração,

Johnny.

silvioafonso disse...

.

Eu já bebi nesta fonte. Em várias
oportunidades fui confundido com
o palhaço, que sou. Com o poeta,
que gosto. Com o cafajeste que
gostaria de ser e com o cidadão
que a minha mãe acha que formou.
Não tenho a coragem e a sua
simplicidade para acordar os que
me vêem de capa e espada com
uma for vermelha presa aos
dentes. Não quero que, depois do
ator ler o meu texto, que o
moleque escritor que eu seria
fosse visto deixando a coxia.
Não calo os gritos de admiração
ou de revolta. Lembro-me do
povo que seguiu Jesus pela
palavra, pelo que ele dizia.
Depois disso eu passei a respeitar
tudo o que ouço quer eu concorde
ou não.

silvioafonso.







.

O Que Sou:

Um misto de:
Fracasso e conquista,
Coragem e medo,
Brutalidade e fragilidade,
Vida e morte, mulher e bicho,
Sonhos e pesadelos.
Sou um fio de esperança.

"Um misto de fracasso e de conquista.
Um medo transmutado de coragem.
Tão frágil como a rosa que se avista.
Brutal no cinzentismo da paisagem.
Assim mulher e bicho me retrato.
Mesclando o pesadelo com o sonho.
E vivo de incertezas... e me mato.
Num fio de esperança que reponho."
(Jorge)

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