Muitas Lágrimas Para Ruth Cardoso

Independente de predileção partidária, eis aqui uma mulher que me emocionava, um referencial de mulher que me fazia (faz e fará) sempre seguir de exemplo (depois da minha mãe é claro).

Eu tinha (tenho e terei) uma admiração infinita por Ruth Cardoso, não limitando-se a inteligência, elegância, postura, ia (e vai muito além), uma mulher que não viveu da sombra e dos restos da fama do marido (que também muito admito, independente da política). Fazia e fez sua parte, quase que anonimamente.

Só agora as 23h56 soube da morte dela, um choque, um arrebatamento súbito de pesar, um lamento profundo, uma pergunta sem resposta: - Onde e quando teremos outra PRIMEIRA DAMA como essa?.

Falo da minha geração, do que vivi desde que me entendo por gente, falo pelo que acompanhei como eleitora, cidadã (dizem que só somo verdadeiramente "cidadão" após o nosso primeiro voto).

Não é uma admiração gratuita, ao meu ver Ruth Cardoso, faz jus ao ditado; "Atrás de um grande homem , sempre há uma GRANDE MULHER".

Ela era sem dúvida uma grande mulher, lembro exatamente o dia 21/04/2000 (aniversário de 500 anos do descobrimento do Brasil), foi quando tive o privilégio de conhecê-la pessoalmente, em Ilhéus, uma mulher admirável, que não se submetia ao papel ridículo de "papagaio de pirata" (como faz perfeitamente a atual primeira dama).

Lembro exatamente dela acariciando os cabelinhos da minha filhota, na época com três anos, lembro da delicadeza dela se afastando lentamente para não sair na foto ao lado do então Presidente da República, Fernando Cardoso (que também humildemente, apanhou filhota no colo e fez carinho, como ser humano comum, que se rende aos encantos de uma criança).

Eu até que tento compreender a morte, até acredito que o lado de lá é bem melhor que esse aqui, mas hoje vou admitir que restou uma sensação de vazio.

Meu pranto não é pela mulher que vai, é por nós que ficamos... quase órfãs (mulheres) de um referencial de mulher como essa.