novembro 10, 2008

Por: Luz do Olhos - "Flor"

Às vezes, tenho tanto receio do que vou escrever aqui. Ainda não me livrei por completo, do medo do julgamento alheio (falta bem pouco). Preciso deixar bem claro, que não tenho nada de santa, que meu telhado é de cristal (muito mais frágil que vidro). Já fiz tanta coisa errada na vida. Tanta coisa que passo é exatamente a colheita do que plantei. Hoje minha Ju (Luz dos Olhos) me avisou que tinha presentinho pra mim no blog dela.
Já sei! Já sei! Alguém do outro lado da tela vai dizer: "Aguenta tanta frescura dessa idiota Beija-flor".
Só que tantas vezes adoramos falar das nossas fraquezas (mas não suportamos a idéia sermos vistos como fracos), para muitos não passamos de "coitadinhos", sabemos pedir, reclamar, lamentar.
Mas, o mais importante esquecemos de fazer: AGRADECER. Esquecemos de agradecer um gesto de carinho, esquecemos de agradecer pelo que temos, esquecemos de agradecer a oportunidade do novo dia, esquecemos de agradecer quase tudo. Faz parte das nossas fraquezas humanas. Como faz parte também, admitir que fomos deixados de lado, que sofremos, que fomos trocados, que fomos humilhados, que fomos desprezados. Porque no fundo queremos ser vistos como: "a última cocada do tabuleiro da baiana", ou ainda, "a última coca-cola geladinha no meio do deserto", o "bonzão, a boazuda".
Nossa! Confuso demais tudo que escrevi (desta vez não vou mudar uma vírgula), vai ficar assim, do jeito que veio na cabeça e que brotou nas pontas dos dedos.
Quando li o texto da Ju (Luz dos Olhos) me vi de uma forma que não tinha me visto antes (como se tivesse me vendo do lado de fora mesmo).
Não é fácil ler tudo que li e, não recordar cada momento vivido (maus e bons). Não vem ao caso o que vivi, vem ao caso o que aprendi, o que descobri.
Descobri nesse período todo, que não podemos amar com a segunda intenção de ter (querer) a retribuição do amor que sentimos. Amar é aceitar e pronto. Corremos o risco dos nossos sentimentos serem tratados como coisa vulgar (Ih! isso é plágio puro do maravilhoso Fernando Pessoa), enfim.
O melhor de tudo é saber o que aprendemos de tudo que se passou, o que ficou, o que se foi. Algumas pessoas (poucas e raras) próximas já me questionaram se o meu amor não tinha virado ódio. Acho (tenho certeza) que foi a pergunta mais fácil que já respondi na minha vida. A resposta é NÃO. Em nenhum momento a semente do ódio brotou em mim, muito ao contrário, eu agradecia (mesmo passando pelo que passei) porque já me julgava incapaz de amar novamente. Foi esse o maior presente que recebi: A capacidade de amar sem medo.
Viveria tudo do mesmo jeito.
*FLOR*

"Você que vive nas indeterminações dos processos, nesta entrega, intrínseca no fôlego do seu existir, das coisas que te parecem vagas, que te parecem aceitas, entre a aceitabilidade possível e a sua luta para mudar tudo.
E você continua nessa forma, nesse caminhar, sem a presença de quem sonhou, apenas com a realidade que aos poucos deixa de ser.
Você na imensa capacidade de se levantar, desconstrói-se, fragmenta-se e perde-se nos resquícios do tempo, onde o tempo tudo move.
Este mover te pertence, sim, perde-se na intemporalidade de tudo o que possa passar.
Naquele dia deixou de pensar e o pensar acomodará como tudo o que ficará estático.
Essa fase em sua vida foi uma vertigem, um deslumbramento de uma chuva de estrelas. Você quis segurar o vento em mãos fechadas, mas ele se foi...
E eu, em minhas orações pergunto à Deus: "Por que é assim? Por que tem que ser assim com você, que tantas alegrias merece, que tantas alegrias dá?"
Um dia, eu sei, ainda nos lembraremos bem, daquelas palavras pronunciadas em tom de certeza. Certeza meu Deus, como se alguém tivesse alguma certeza, de alguma coisa.
Um dia tudo soará tão distante, verá!
E sentirá a placidez desse ressecado lago, com vida, sim, mas sem nada mais do que isso, e tudo seguirá como se nada tivesse se perdido, como se o tempo não te arrancasse bocados, como se a alma não se ressentisse do frio dos dias.
Alguém te disse coisas dolorosas, é verdade, disse-o porque sentia ou porque queria sentir...Mas não significa serem verdades as monstruosidades por nós escutadas, mas jamais ouvidas!
Porque você é forte...firme...guerreira e ficou quando o espírito corria a todo vapor na direção oposta.
E o que te restou foi o fim da linha, foi amar desesperadamente no fim dos capítulos, foi pedir ao mundo amor quando quem esteve ao seu lado só matava a fome com migalhas porque ele agonizou diante de sua mesa farta...para quem nada tem...nada sabe receber...O que você deu, foi tanto, que não soube o que fazer diante da vastidão de seus sentimentos, minha flor!
Deus me ouvrirá e não deixará que você ao acordar um dia, não saiba o que fez do tempo que passou entre o sonho e a solidão.
Um dia, dirá apenas que já não importa o que o vento disse...porque tudo se foi...Voou...como pó que é.
E em suas mãos de sopro de luz e felicidade, estará a alegria do "por vir"...E tudo virá quanto mais você sonhar...Em suas mãos...
Eu prometo! "

10 comentários:

Diego! disse...

Não pense em escrever o que os outros querem ouvir, o caso ler.
Beija-flor é uma ave que voa para frente e também para trás.Exercite isso, e lance suas palavras do jeitinho que as imaginar!

abração!

Cris Medeiros disse...

Belo texto da sua amiga! E quanto a vc, sempre achei que escreve bem, de forma objetiva e intensa!

Agradecimentos são necessários, sim! Assim como dizer que gosta... Temos a maior facilidade de abrir a boca pra dizer que odiamos fulano ou para ofender. Mas para dizer um simples "eu gosto de vc", parece um parto!

Beijocas

RENATA CORDEIRO disse...

Amiga, desculpe não comentar.
Ontem foi a minha audiência do processo que movi contra o meu editor que me deve muito dinheiro, mas caí em contradição, estou péssima. Dormi até a 1 e meia de amanhã, levantei-me e tomei uma dose considerável de barbitúricos para dormir. Como não consegui, fiz um post. Gostaria que fosse apreciá-lo. É uma maneira de ter os amigos perto de mim.
Um beijo,
Renata

Olhos de Luz... disse...

Flor...
Colheita alimenta...sacia!
Se vê como colheita, que seja nesse sentido: de fartar de aprendizados!
Mas não pense que colhe porque causou...Talvez "o outro lado" dessa história sim, esteja colhendo pelo grave erro de ter perdido o que de melhor houve. O que de melhor poderia ter tido.
Azar!!
Feliz de quem tem você na vida!
Amo você!
E se colhemos o que plantamos...Deus!! O que fiz de tão maravilhoso que colhi você??

Citadino Kane disse...

Beija,
A vantagem de ter um blog é que a gente escreve o que bem entende e pronto.
Colocas sentimentos, sempre!
Por isso seguimos contigo, ahahaha...
beijos,
Pedro

Anônimo disse...

Olha só Beija-Flor!
Às vezes sinto saudades da novela Mandala, e do devotamento que o Carrado tinha pela Jocasta. O tema musical deles então era uma coisa que não defino como música nem como poesia. É quase um hino.
Nós (os homens) temos dificuldades em expressar sentimentos e apreciar coisas que as mulheres apreciam. Isso que você e a menina escreveram, por exemplo. A gente gosta de ler e até faz reflexão. Mas não assume abertamente pra não ferir nossa reputação de macho. Não sei se minha sensibilidade está aguçada hoje, mas se este post foi um tiro no alvo que imagino, deve ter doido. Se eu soubesse, falaria Ai! Ai! Ai! Em oito idiomas. Como não conheço nem minha língua nativa (Tupi-Guarani) devo somente expressar que você não precisa dum poliglota mas de alguém que fale a tua língua.
Beijos!

Fabi disse...

Acredito que tudo seja um processo.
Tinha um blog que tinha medo te me expor, pensava demais em como as pessoas iam me interpretar.
Hoje já me libertei dessas amarras.
Aprendi a me aceitar
Sou como sou, escrevo o que quero e como quero.
Ler quem quer e costumo dizer que comenta quem tem juízo...rs
Não se preocupe com os julgamentos.
Escrever liberta.
beijos

Johnny Garden disse...

Esfinge,

são tantos pontos interessantes no que escreveu.

Acerta quando diz que agradecemos pouco ou nada. Aprendi a agradecer depois do grave problema que tive ano passado (obrigado pela ajuda, sempre agradecerei). Antes não enxergava a beleza de tudo que temos a cada dia - saúde, os filhos, a parceira, o simples fato de estar vivo - e agora agradeço todos os dias por detalhes.

Acerta quando diz que tentamos sempre nos colocar por cima da carne seca. Temos nossas fraquezas, inseguranças, pisamos na bola, caimos em frias, já passamos por constragimentos ou humilhações. Todos, sem exceção.

Não sei o que aconteceu com você mas acerta em dizer que aprendemos com a dor. Não sei se foi aqui que li: se uma pessoa não conhecesse infelicidades por toda vida teria disperdiçado a vida pois não teria evoluido em nada. Infelizmente o que mais nos faz crescer e progredir é o sofrimento.

Ainda bem que não sente ódio. Ódio não resolve, não ajuda, não pune nem vinga.

"Você, que tantas alegrias merece, que tantas alegrias dá" ainda vai colocar um post aqui contando todas as alegrias que tenho certeza que estão engatilhadas para você.

Abração,

Johnny.

blog do dudu santos disse...

Eta!!!Luz dos Olhos!!sabe das coisas....lembre-se deste pequeno diamante que ela te disse "ele agonizou diante da sua mesa farta", é minha querida, temos que ficar atentos ao que os amigos nos ensinam....me escreva que perdi teu e-mail no último suspiro do meu PC..
bjo do artista

Codinome Beija-Flor disse...

Diego,
É nesse bater de asas que vou me soltando, ainda aos poucos, mas me soltanto.
Abraços

Dama das Cinzas,
Vindo de vc é de certo um elogio.
Bjos

Renata,
Tudo ao seu tempo.
Bjos

Ju,
Tô quase igualzinha uma manteiga ao sol.
Coraçãozinho tá mesmo forte pra aguentar tanta emoção.
Não sei o que você plantou, mas quem colheu um presente de Deus fui eu. Você na minha vida é presente DIVINO.
Bjos

Pedro,
Então nada de abandonar o seu blog e deixar a gente pelo caminho.
Bjo e cuida desse coração

Allan,
Vejo que não esqueceu do post "Em que idioma..." que fiz alguns dias.
É essa mesmo a "minha linguagem", nem sempre dá pra entender. Olha! Vou te contar um segredo: Nem eu, como bisneta de índios sei também Tupi-Guarani. Acho que aos poucos vou aos poucos inventando a minha própria língua.
Bjos

Quase Trinta.
Acho que estou aprendendo.
Bjos

Johnny,
Não há nada o que agradecer.
O que passei nunca terá o tamanho da dor que você passou. Eu que sou egoísta e acabo deixando aqui parte do que para mim é "dor", mas no fundo é muito mais amor que dor.
Porque a dor que passei nem chega aos pés do amor que senti (olha que a dor foi danada de grande... mas o amor MAIOR AINDA). Quando minha amiga Ju me disse que tinha feito esse texto para mim (parei li, respirei fundo, limpei as lágrimas, li novamente, limpei outras lágrimas), então me dei conta que ela, que me conhece já nem sei a quanto tempo e... que já me viu nos altos e baixos da vida (nas derrotas e vitórias) sabe muito mais de mim. Parece estranho... mas eu ainda digo pra ela: "Eu viveria tudo novamente, amaria do mesmo modo, porque o amor que sinto é meu e isso ninguém pode me proibir".
Abraços

Dudu,
Talvez eu não fosse "digna de refinado paladar", ou quem sabe ainda, eu só tenha sido vista como "restos" e não "banquete".
Ju sabe sim de como dizer as coisas.
Tenho aprendido "SIM" o que os "AMIGOS" me ensinam.
Bjos (te mandei o e-mail)

O Que Sou:

Um misto de:
Fracasso e conquista,
Coragem e medo,
Brutalidade e fragilidade,
Vida e morte, mulher e bicho,
Sonhos e pesadelos.
Sou um fio de esperança.

"Um misto de fracasso e de conquista.
Um medo transmutado de coragem.
Tão frágil como a rosa que se avista.
Brutal no cinzentismo da paisagem.
Assim mulher e bicho me retrato.
Mesclando o pesadelo com o sonho.
E vivo de incertezas... e me mato.
Num fio de esperança que reponho."
(Jorge)

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